O cenário global pulsa com tensões políticas acentuadas, testando a resiliência e a capacidade de nossas lideranças. Essa polarização, infelizmente, também ecoa dentro de nossas organizações.
Empresas, antes consideradas “zonas neutras”, hoje se tornam palco de tensões ideológicas e conflitos internos. Nessas horas, a postura da liderança faz toda a diferença: ou ela agrava divisões… ou transforma o ambiente em um espaço de crescimento coletivo. Em meio a esse turbilhão, podemos encontrar inspiração em lugares inesperados, como na liderança singular do Papa Francisco.
Apesar de representar uma instituição milenar e tradicional, ele optou por trilhar o caminho da escuta ativa, da construção de pontes e da liderança pelo exemplo. Durante o seu papado, Sua Santidade demonstrou uma habilidade notável em dialogar com diferentes perspectivas, buscando pontes em vez de muros. Sua liderança não se baseou em imposição ideológica, mas, sim, em princípios humanísticos, na escuta ativa e na busca por um bem comum que transcende as divisões. Ele priorizava o diálogo, a empatia e a construção de um espaço onde diferentes crenças e opiniões podem coexistir, mesmo em temas sensíveis.
Assim, o Papa Francisco, em sua liderança, nos ofereceu um modelo inspirador: escuta ativa + humildade estratégica + coragem para inovar.
No mundo corporativo, a tentação de adotar posturas radicais ou de ignorar as tensões políticas pode ser forte. No entanto, líderes eficazes reconhecem que a polarização, inevitavelmente, impacta o ambiente interno. Ignorar as diferenças ou tentar impor uma única visão pode gerar conflitos, minar a colaboração e, em última instância, prejudicar o crescimento, a inovação e o clima de bem-estar da empresa.
Como, então, as lideranças empresariais podem navegar essa complexidade e agir estrategicamente para o bem de suas organizações?
Independentemente de ideologias e crenças religiosas, podemos nos inspirar na abordagem de liderança do Papa Francisco. Aqui, seguem alguns conselhos práticos:
1. Cultive a escuta ativa e a empatia: crie espaços seguros para que diferentes perspectivas sejam ouvidas e compreendidas. Incentive seus líderes a praticarem a empatia, buscando entender as motivações e os valores por trás de diferentes opiniões, mesmo que não concordem com elas.
2. Priorize propósitos e valores compartilhados: reforce os valores fundamentais da empresa que unem a equipe, independentemente de suas inclinações políticas. Concentre a energia em objetivos comuns que beneficiem a organização como um todo.
3. Cultue a neutralidade inteligente: não se trata de ser omisso, mas de buscar o equilíbrio que permita a convivência de diferentes pontos de vista sem prejudicar o ambiente organizacional e fomentando a inovação e o crescimento.
4. Fomente o diálogo construtivo: incentive conversas respeitosas e abertas sobre temas desafiadores, estabelecendo regras claras para um debate saudável. O objetivo não é a uniformidade de pensamento, mas a compreensão mútua e a busca por soluções que considerem diferentes pontos de vista.
5. Promova a inclusão e a diversidade de pensamento: uma equipe com diferentes backgrounds e perspectivas é mais resiliente e inovadora. Valorize a diversidade não apenas demográfica, mas também de opiniões e experiências.
6. Lidere com integridade e transparência: Seja claro sobre os valores e as políticas da empresa, garantindo que as decisões sejam tomadas de forma ética e transparente. A confiança é fundamental para construir pontes em tempos de divisão.
7. Aja como mediador, não como juiz: conflitos surgirão. Sua função não é “vencer”, mas encontrar soluções que fortaleçam a equipe e os resultados da empresa.
8. Foque no impacto e no bem comum: direcione a energia da organização para iniciativas que gerem um impacto positivo, tanto internamente quanto no mercado e na sociedade. Relembre sua equipe do porquê do trabalho de vocês: um propósito e um objetivo maior que unam as pessoas em torno de um objetivo comum.
9. Seja um exemplo de tolerância e respeito: a liderança deve ser o farol que guia a cultura da empresa. Ao demonstrar tolerância e respeito pelas diferenças, os líderes criam um ambiente onde esses valores são replicados. Em tempo: aumentar a tolerância não significa diminuir os níveis de exigência.
10. Mantenha o foco nos objetivos estratégicos: em meio ao ruído político, é crucial manter o foco nos objetivos de longo prazo da empresa. As discussões internas devem sempre ser direcionadas para o que é melhor para o crescimento e a sustentabilidade do negócio.
Navegar a radicalização existente nas organizações exige uma liderança perspicaz e humanizada. Ao nos inspirarmos em modelos como o do Papa Francisco, podemos construir empresas mais resilientes, inclusivas e focadas em um propósito maior, transformando as diferenças em força e impulsionando um crescimento estratégico e sustentável para o bem de todos.
Em tempos de ruptura e radicalização, as empresas que souberem unir pessoas diferentes em torno de causas comuns não apenas sobreviverão – elas liderarão o futuro.
Seguimos…