Líder doce, resultado azedo: o risco de ser bonzinho ou boazinha demais e ineficaz de menos

Vejo uma tendência preocupante nos corredores corporativos e nas conversas com C-levels e gestores: o(a) “líder doce”, que faz uma confusão perigosa entre empatia genuína e omissão conveniente. Na nobre busca por ambientes mais humanos (uma necessidade real!), muitas lideranças estão escorregando para um modelo “fofo” que, na prática, sabota o potencial de suas equipes e organizações.

A armadilha da liderança “boazinha”: impactos no desempenho organizacional

A liderança “boazinha” foge do conflito como o diabo foge da cruz. Evita o confronto construtivo, mascara feedbacks difíceis com eufemismos incompreensíveis, procrastina conversas cruciais sobre desempenho ou comportamento inadequado. Escuta, sim, mas raramente direciona. Tolera o erro por descuido e o “deixa pra lá”, confundindo paciência com passividade. Crê que está construindo pontes, quando está apenas adiando demolições inevitáveis. Essa abordagem, embora bem-intencionada, pode ter consequências severas para a produtividade e a saúde organizacional.

A empatia, quando aplicada corretamente, é um catalisador para o engajamento e a performance. No entanto, a sua deturpação em omissão conveniente gera o oposto: equipes sem direção, baixa competitividade e um ambiente onde a responsabilidade é diluída.

O resultado dessa doçura toda? Azedo! Equipes que vagam sem norte, como barcos à deriva. Entregas que ficam aquém do esperado, minando a competitividade e o moral da equipe. Um clima onde a confiança se dissolve em permissividade e a responsabilidade vira peça de museu. O paradoxo é cruel: a tentativa de agradar a todos gera um ambiente onde ninguém se sente seguro ou desafiado a crescer. Essa é a ressaca amarga da liderança que prioriza ser querida em vez de ser eficaz.

Por trás da omissão e o custo da inação

A aversão ao conflito e a busca por popularidade na liderança podem ser explicadas por diversos fatores: líderes podem temer a impopularidade, a resistência da equipe ou a percepção de serem “maus”. Contudo, a ausência de feedback e a procrastinação de decisões difíceis criam um vácuo que impacta diretamente o comportamento organizacional e a produtividade.

A clareza de expectativas e a responsabilidade são pilares para o alto desempenho. Quando líderes evitam o confronto, eles privam os funcionários da oportunidade de crescimento e desenvolvimento, além de sinalizarem que o baixo desempenho é aceitável. Isso pode levar a um fenômeno conhecido como “deriva organizacional”, onde a equipe perde o foco nos objetivos estratégicos e a cultura de alta performance se degrada.

Empatia responsável: o equilíbrio entre humanidade e resultados

A equação da liderança moderna exige um equilíbrio delicado, porém firme: humanidade sim, mas com firmeza. Acolhimento que não renuncia à direção clara. Compreensão para erros de aprendizagem, mas tolerância zero para a negligência. É o equilíbrio entre a segurança psicológica e a responsabilidade pelos resultados.

A verdadeira empatia na liderança, não é sinônimo de complacência. É a capacidade de compreender as emoções e perspectivas dos funcionários, mas sem abrir mão da necessidade de estabelecer limites, dar feedback direto e tomar decisões difíceis para o bem da organização. Líderes empáticos criam um ambiente de confiança onde os funcionários se sentem seguros para expressar ideias e cometer erros, mas também são desafiados a crescer e a entregar resultados.

Liderar não é um concurso de popularidade. Não é sobre ser a pessoa mais “legal”. É sobre ter a coragem de guiar. É sobre confrontar o necessário, com respeito, mas sem rodeios. É sobre estabelecer padrões elevados e cobrar por eles, enquanto se oferece o suporte para que sejam alcançados. É sobre praticar a empatia responsável, que se importa seriamente com o indivíduo, mas jamais negligencia o objetivo coletivo e a saúde da organização. Pense nisso!

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