Inovação e Competitividade: imperativo estratégico para empresas familiares

Em minha atuação profissional, tenho observado com preocupação um padrão recorrente: muitas empresas e grupos empresariais familiares, frequentemente, ancoradas em sucessos passados, subestimam a urgência da inovação como alavanca de competitividade. Enquanto o mercado acelera em transformações digitais e novos modelos de negócio, vejo organizações com enormes potenciais ficarem estagnadas por excesso de conservadorismo, estruturas hierárquicas rígidas ou, simplesmente, pela falsa percepção de que ‘o que sempre funcionou continuará funcionando’.

Essa resistência à mudança não é apenas uma questão de perder oportunidades – é um risco existencial em um cenário onde disruptores estão reescrevendo as regras do jogo diariamente. Um dos desafios que tenho, portanto, vai além de convencer empresário(a)s e executivo(a)s sobre a importância da inovação: é mostrar como ela pode ser a ponte entre a tradição que fortalece e o futuro que sustenta.

Em um cenário de transformações aceleradas que, a cada dia, torna-se mais volátil e dinâmico, a busca por inovação contínua deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade estratégica essencial para a sobrevivência e o crescimento sustentável do negócio. Para empresas e grupos empresariais familiares, que tradicionalmente se baseiam em valores, legados e estruturas consolidadas, mas que, também, com grande frequência, enfrentam desafios únicos, como resistência a mudanças e estruturas hierárquicas tradicionais, o desafio da inovação é ainda mais complexo, pois é preciso transformar sem perder a identidade.

Por que inovar?

A inovação não se resume apenas a tecnologia: envolve modelos de negócio, processos, cultura organizacional e relacionamento com clientes. Empresas que não evoluem correm o risco de perder espaço para concorrentes mais ágeis ou disruptivos. Um estudo da consultoria BCG (Boston Consulting Group) aponta que 85% das empresas que lideram em inovação superam consistentemente o retorno médio do mercado, inclusive, no Brasil.

Para negócios familiares, que muitas vezes priorizam a estabilidade financeira, é essencial equilibrar o foco no curto prazo com investimentos em inovação. Isso não significa apenas alocar recursos financeiros, é preciso cultivar uma cultura organizacional que incentive a criatividade, a experimentação e a aceitação do risco, fomentando uma cultura de experimentação (onde falhas são vistas como parte do aprendizado), estabelecendo parcerias (com startups, universidades e ecossistemas de inovação para trazer novas perspectivas) e adotando tecnologias exponenciais (IA, IoT, blockchain, para otimizar operações e criar novos produtos). Isso também envolve empoderar os colaboradores, promover a diversidade de ideias e criar espaços para a geração e o compartilhamento de conhecimento.

Obviamente, a jornada da inovação não é isenta de desafios. Empresas e grupos empresariais familiares podem enfrentar dificuldades como a aversão ao risco, a resistência à mudança e a priorização do controle sobre a autonomia. No entanto, superar esses obstáculos abre um mundo de oportunidades: crescimento sustentável, fortalecimento da marca, legado duradouro e atração e retenção de talentos.

Adaptando-se às mudanças do mercado: desafios e oportunidades

O mercado está em constante evolução, impulsionado por fatores como a globalização, a digitalização, as mudanças demográficas e as novas demandas dos consumidores. Assim, as empresas e os grupos empresariais familiares precisam estar atentos a essas tendências, monitorando-as e realizando as adaptações necessárias em seus modelos de negócio, produtos e serviços, objetivando a manutenção da competitividade.

A inovação é a chave para essa adaptação. Ela permite que as empresas identifiquem novas oportunidades, antecipem ameaças e criem soluções que atendam às necessidades do futuro. Para os negócios familiares, essa capacidade de adaptação é essencial para garantir sua relevância e prosperidade a longo prazo.

Em conclusão, inovar não é opcional – é uma questão de sobrevivência. Empresas que incorporam a inovação ao seu DNA, não apenas se mantêm competitivas, mas também criam legados sustentáveis. O desafio é equilibrar tradição e transformação, garantindo que o negócio prospere por gerações.

Para as empresas mais estruturadas, do ponto de vista da governança, é fundamental que os conselhos e a alta gestão dessas organizações tratem a inovação como pauta permanente. Inovar não é um projeto com começo, meio e fim – é um movimento contínuo de escuta, aprendizagem e ação. E, sobretudo, uma escolha: a de construir um futuro em que a tradição e o progresso caminhem juntos.

Empresas e grupos empresariais familiares que integram inovação às suas estratégias corporativas estão mais preparadas para crescer com resiliência, relevância e impacto.

E sua empresa, está pronta para essa jornada?

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